Lesões na Academia: Como Prevenir e Tratar com Fisioterapia

Tempo de leitura: 12 minutos

Frequentar a academia faz bem para o corpo e para a mente. A prática regular de exercícios melhora a disposição, fortalece os músculos, ajuda a controlar o peso e até alivia o estresse.

Mas, quando feita sem os devidos cuidados, essa rotina saudável pode trazer problemas. Lesões musculares, dores articulares e até contusões mais sérias são situações comuns entre quem treina com frequência — e podem afastar você dos treinos por semanas ou até meses.

A boa notícia é que a maioria dessas lesões pode ser evitada com atenção, orientação e, quando necessário, o acompanhamento de um fisioterapeuta.

Neste artigo, você vai entender:

• Por que as lesões são tão comuns na academia
• Quais são as lesões mais frequentes
• O que observar no seu corpo como sinal de alerta
• A importância da avaliação física antes de começar a malhar

Se você quer treinar com segurança e cuidar da sua saúde de forma completa, continue a leitura.

Por que as lesões são comuns na academia?

É muito comum ouvir relatos de pessoas que se machucaram durante ou após o treino. Isso acontece por diversos motivos, mas os mais frequentes são:

• Excesso de carga nos aparelhos
• Postura incorreta ao executar os movimentos
• Falta de aquecimento antes do exercício
• Movimentos feitos sem orientação adequada
• Treinos com intensidade acima do limite do corpo

Muita gente começa a treinar com pressa de ver resultados e acaba pulando etapas importantes. O corpo precisa de adaptação, e cada pessoa tem seu tempo para ganhar força e resistência. Respeitar esse processo é fundamental para evitar lesões.

Lesões na academia são mais comuns do que se imagina

Treinar com regularidade traz inúmeros benefícios, mas também exige atenção. Segundo estudos, a musculação mal orientada pode causar desde desconfortos até lesões mais sérias, especialmente na coluna lombar, ombros, joelhos e tornozelos.

A lombalgia, por exemplo, foi a queixa de 58% dos praticantes de musculação em uma academia de Belém-PA. O agachamento e o exercício stiff foram os mais associados ao surgimento de dor lombar​.

Por que isso acontece?

Lesões geralmente ocorrem por:

• Execução incorreta dos exercícios
• Carga excessiva sem preparo adequado
• Falta de orientação profissional
• Ignorar o aquecimento e alongamento
• Treinar além do limite individual do corpo

Além disso, estudos indicam que muitos praticantes não procuram ajuda profissional ao sentir dor — um comportamento que pode agravar ainda mais o problema.

Principais áreas do corpo afetadas por lesões na musculação

Com base em diferentes estudos, os locais mais acometidos por lesões são:

• Coluna lombar – especialmente em exercícios como agachamento
• Joelhos – geralmente por sobrecarga ou má execução de exercícios com leg press
• Ombros – frequentemente lesionados em treinos de peito e costas
• Tornozelos – menos comuns, mas relacionados a instabilidade e falta de equilíbrio

Uma pesquisa com praticantes em Morada Nova-CE mostrou que o joelho foi o segmento corporal mais lesionado (45%), seguido por ombro (25%) e coluna (10%)​.

Lesões musculares e articulares mais comuns

Entre os tipos mais relatados estão:

• Distensões e estiramentos musculares
• Tendinites (inflamações nos tendões por esforço repetitivo)
• Entorses (lesões nas articulações provocadas por movimentos fora do padrão)
• Lesões ligamentares – como as que ocorrem no joelho ou ombro
• Luxações – quando ocorre o deslocamento de uma articulação.

Como a falta de supervisão aumenta o risco de lesões?

Um estudo brasileiro analisou academias com e sem presença de fisioterapeuta e revelou que a orientação profissional reduz significativamente a percepção de dor e o número de lesões.

Em contrapartida, outra pesquisa internacional mostrou que muitos usuários de academias ainda treinam sem supervisão, mesmo com o risco de lesões que podem levar a afastamentos prolongados e até cirurgias.

Fatores que aumentam a chance de lesão:

• Homens com menos de 40 anos e rotina de trabalho intensa
• Prática frequente (mais de 5x por semana) combinada com jornada de trabalho longa
• Treinos realizados ao ar livre ou em academias, com menor risco em treinos feitos em casa
• Uso de pesos livres em vez de máquinas, sem orientação correta
• Participação em modalidades como CrossFit, calistenia e powerlifting

Dicas práticas para prevenir lesões na academia

A prevenção de lesões deve começar antes mesmo do primeiro exercício. Muitos problemas poderiam ser evitados com atitudes simples, que fazem toda a diferença no dia a dia dos treinos.

A primeira dica é sempre realizar um bom aquecimento. Movimentar o corpo antes de iniciar os exercícios prepara os músculos e articulações, aumentando a circulação sanguínea e diminuindo o risco de distensões e estiramentos.

O alongamento, apesar de controverso quando feito antes da musculação, é indicado após os treinos para auxiliar na recuperação muscular e na manutenção da flexibilidade.

Outras medidas importantes incluem:

• Respeitar os próprios limites físicos e não tentar acompanhar o ritmo de outras pessoas
• Usar cargas compatíveis com sua força e experiência
• Garantir boa postura e execução correta dos movimentos
• Evitar pular etapas do treino, como aquecer ou descansar
• Utilizar calçados adequados para cada tipo de atividade
• Manter uma hidratação constante durante os treinos

Além disso, seguir um programa de treino individualizado, elaborado por um profissional capacitado, é essencial para reduzir riscos. E mais: fazer pausas entre as séries e garantir dias de descanso é fundamental para que o corpo se recupere.

A pressa para obter resultados pode ser uma armadilha. Muitas lesões ocorrem porque a pessoa tenta aumentar rapidamente a carga ou a intensidade do treino, sem dar tempo para o corpo se adaptar. A chave é a progressão gradual, com foco na saúde a longo prazo.

Com pequenas mudanças na rotina, é possível treinar com segurança e consistência, reduzindo muito as chances de se machucar.

Como a fisioterapia ajuda na prevenção

A fisioterapia não se limita à reabilitação. Ela também tem um papel fundamental na prevenção de lesões, especialmente entre pessoas que praticam atividades físicas com frequência.

Antes mesmo de iniciar uma rotina de treinos, o fisioterapeuta pode realizar uma avaliação detalhada do corpo do paciente, observando fatores como:

• Postura
• Mobilidade articular
• Força muscular
• Equilíbrio
• Coordenação motora
• Histórico de lesões anteriores

Com base nessa análise, é possível identificar desequilíbrios ou compensações que poderiam levar a uma lesão futura. Por exemplo: uma fraqueza no quadríceps pode sobrecarregar os joelhos durante o agachamento; uma limitação de mobilidade nos ombros pode afetar exercícios como o desenvolvimento com halteres.

A partir daí, o fisioterapeuta propõe um plano preventivo personalizado, que pode incluir:

• Exercícios de fortalecimento específicos
• Treinos de propriocepção e estabilidade
• Técnicas para melhorar o controle motor
• Orientações de ergonomia e movimentação no treino

Em alguns casos, o fisioterapeuta trabalha em conjunto com o profissional de educação física, ajudando a adaptar os treinos conforme as necessidades e limitações do praticante.

Outro ponto importante é a conscientização. A fisioterapia ajuda o aluno a entender melhor o próprio corpo e a reconhecer os sinais precoces de sobrecarga ou disfunção, o que contribui para a prática segura.

Portanto, mesmo que você não tenha dor ou lesão, a fisioterapia preventiva pode ser um diferencial importante para manter a saúde em dia, evoluir nos treinos com segurança e evitar interrupções por contusões.

Fisioterapia no tratamento de lesões esportivas

Quando a lesão já aconteceu, o fisioterapeuta passa a atuar com foco na reabilitação — ou seja, na recuperação dos tecidos e na retomada das funções afetadas, de forma segura e eficaz.

O tratamento fisioterapêutico é sempre individualizado, respeitando o tipo e a gravidade da lesão, o perfil do paciente e suas metas. Entre as lesões mais comuns tratadas em academias estão:

• Distensões musculares
• Tendinites e bursites
• Entorses articulares
• Lesões na coluna lombar e cervical
• Rupturas parciais de ligamentos

O tratamento pode envolver diferentes técnicas e recursos, como:

• Terapias manuais para aliviar a dor e liberar tensões
• Eletroterapia (ultrassom, TENS, laser) para acelerar a regeneração
• Exercícios terapêuticos para fortalecimento e flexibilidade
• Treinos funcionais para readaptação ao esforço
• Reeducação postural e biomecânica

Além disso, o fisioterapeuta orienta o retorno progressivo ao treino, evitando recaídas ou novas lesões. A pressa em voltar à academia sem estar totalmente recuperado é uma das principais causas de lesões reincidentes.

Durante o processo de reabilitação, o vínculo entre paciente e fisioterapeuta é fundamental. O cuidado vai além do físico — envolve acolhimento, motivação e educação sobre os fatores que levaram à lesão.

Com o acompanhamento certo, é possível não apenas voltar aos treinos, mas fazer isso com mais consciência, segurança e performance.

Quando procurar um fisioterapeuta?

Muitas pessoas só procuram fisioterapia quando a dor já está intensa. Mas o ideal é buscar esse cuidado ao primeiro sinal de alerta. O corpo dá pistas quando algo não vai bem, e quanto antes a lesão for identificada, mais fácil será tratá-la.

Você deve considerar consultar um fisioterapeuta se perceber:

• Dor que persiste por mais de três dias após o treino
• Inchaço, formigamento ou perda de força em algum membro
• Estalos, travamentos ou sensação de instabilidade em articulações
• Dificuldade para realizar movimentos que antes eram fáceis
• Fadiga muscular localizada fora do normal

Também é recomendado agendar uma avaliação fisioterapêutica se:

• Você está retomando os treinos após um período parado
• Tem histórico de lesões anteriores
• Pratica exercícios com alta intensidade ou frequência
• Quer melhorar a performance sem correr riscos

O fisioterapeuta é o profissional mais indicado para avaliar, diagnosticar e tratar disfunções musculoesqueléticas. Ele pode atuar de forma complementar ao treinador, ajustando o treino conforme as condições do seu corpo.

A fisioterapia não é um gasto — é um investimento em saúde, bem-estar e continuidade. Lembre-se: prevenir é mais fácil, rápido e barato do que tratar uma lesão que já se agravou.

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Referências

VEIGA, Brenda Silva et al. PREVALÊNCIA DE LESÕES NA COLUNA LOMBAR EM PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO DE UMA ACADEMIA DE BELÉM-PA. Revista CPAQV-Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida, v. 12, n. 1, 2020.

SOARES, Ethel Machergiany Silva; DA SILVA, Keuvia Mirlandya Alves. Prevalencia de lesoes em praticantes de musculacao em academias do municipio de Morada Nova/CE. BIUS-Boletim Informativo Unimotrisaúde em Sociogerontologia, v. 9, n. 1, p. 67-78, 2018.

WAGNER, Eduardo. Estudo de lesões musculares e articulares em praticantes de musculação de uma academia do município de Florianópolis-SC. 2013. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Educação Física) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013.

ALNASSER, Suhad et al. Prevalence and type of injuries among gym members in Saudi Arabia. Saudi Journal of Sports Medicine, v. 22, n. 1, p. 30-37, 2022.

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CASTRO, Antonio AM et al. Percepção de lesões musculares em praticantes de musculação em academias com e sem supervisão de fisioterapeuta: uma análise custo-efetividade. Lifestyle Journal, v. 2, n. 1, p. 11-22, 2015.