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Em março de 2025, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) emitiu um novo alerta epidemiológico diante do aumento de casos de febre amarela nas Américas, com destaque para o Brasil. A doença, que havia sido controlada em diversas regiões do país nos últimos anos, voltou a preocupar autoridades de saúde pública devido à reemergência em áreas livres.
A febre amarela é uma doença infecciosa grave, causada por um vírus transmitido principalmente pela picada de mosquitos infectados. O alerta da OPAS reforça a importância da vacinação, vigilância ativa, e controle vetorial, especialmente em regiões onde há circulação do vírus silvestre e baixa cobertura vacinal.
Neste artigo, você vai entender: o que é a febre amarela; quais são os sintomas; como é feita a prevenção; e por que o Brasil está novamente em estado de atenção.
Sumário
O que é a febre amarela?
A febre amarela é uma doença viral aguda, transmitida por mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes (em áreas silvestres) e pelo Aedes aegypti (em áreas urbanas. Embora não haja transmissão urbana no Brasil desde 1942). Ela é causada por um vírus da família Flaviviridae e pode apresentar desde formas leves até quadros graves com risco de morte.
Apesar do nome, a doença não está relacionada ao clima, mas sim à cor amarelada que pode surgir na pele e nos olhos de pacientes em estágio avançado, devido à lesão hepática.
Como a febre amarela é transmitida?
A transmissão acontece quando uma pessoa é picada por um mosquito infectado com o vírus da febre amarela. A forma mais comum atualmente no Brasil é a silvestre, que ocorre em áreas rurais e florestais, especialmente nas regiões Centro-Oeste, Norte e Sudeste.
Os macacos não transmitem a doença, mas funcionam como sentinelas ambientais: quando há morte de primatas por febre amarela, é sinal de que o vírus está circulando naquela região.
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Quais são os sintomas da febre amarela?
Os sintomas surgem entre 3 e 6 dias após a picada do mosquito infectado e podem variar em intensidade:
Formas leves a moderadas:
- Febre súbita
- Dor de cabeça intensa
- Dores no corpo
- Náuseas e vômitos
- Fraqueza geral
Formas graves:
- Icterícia (pele e olhos amarelados)
- Sangramentos (gengiva, nariz, fezes ou vômito com sangue)
- Insuficiência hepática e renal
- Delírios, convulsões ou coma
A forma grave pode levar à morte em até 50% dos casos se não for tratada rapidamente.
OPAS emite alerta epidemiológico da Febre Amarela
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o número de casos de febre amarela aumentou nas Américas nestes primeiros meses de 2025. Foi confirmado que o número de casos em humanos, até a data de 22 de março, praticamente dobrou em relação ao todo ano de 2024, levando uma preocupação séria.
Além disso, durante os meses de janeiro, fevereiro e março de 2025, foram confirmados 131 casos de febre amarela nas Américas. Enquanto isso, em 2024, apenas 61 casos foram notificados, e destes pacientes, 30 foram a óbito.
Os países com notificação foram a Bolívia (1 caso, 1 morte), Brasil (apresentando 81 casos e 31 mortes), Colômbia (com 31 casos e 13 mortes) e Peru (com 18 casos e 8 mortes)
Em São Paulo, o número de casos é preocupante devido a região próxima de centros urbanos altamente povoados, o que pode ocasionar um surto amplo nestes locais. O estado apresentou 34 casos e 19 mortes neste período. Assim, faz-se necessário a intensificação de vacinas nas áreas de risco.
Qual é o tratamento da febre amarela?
Atualmente, não existe um medicamento específico capaz de eliminar o vírus da febre amarela. Por isso, o tratamento é chamado de sintomático e de suporte, ou seja, visa aliviar os sintomas, evitar complicações e garantir que o organismo tenha condições de se recuperar.
O atendimento precoce e adequado, especialmente nos casos graves, pode reduzir significativamente o risco de morte, que pode chegar a até 50% nas formas mais severas da doença.
Casos leves a moderados: cuidados essenciais em casa
Nos quadros leves e moderados, que representam a maioria dos casos, o tratamento pode ser feito com acompanhamento ambulatorial, desde que o paciente receba orientações médicas adequadas. Os principais cuidados são:
- Repouso absoluto: o organismo precisa de energia para combater o vírus.
- Hidratação intensa: beber bastante líquido ajuda a manter as funções vitais e a prevenir complicações, como desidratação.
- Uso de medicamentos para aliviar os sintomas:
- Paracetamol ou dipirona podem ser utilizados para controlar a febre e a dor.
- Atenção: é contraindicada a utilização de anti-inflamatórios como o ácido acetilsalicílico (AAS), pois eles aumentam o risco de sangramentos.
- Acompanhamento médico regular: mesmo que os sintomas melhorem, é fundamental retornar ao médico em caso de piora ou surgimento de novos sinais, como icterícia ou sangramentos.
Casos graves: tratamento hospitalar intensivo
Nos casos em que a febre amarela evolui para uma forma grave — com sinais como icterícia intensa, sangramentos ou comprometimento dos rins e do fígado — o paciente deve ser internado imediatamente.
As medidas hospitalares incluem:
- Internação em unidade de terapia intensiva (UTI), quando necessário
Isso permite o monitoramento constante dos sinais vitais e resposta ao tratamento. - Reposição de líquidos e eletrólitos por via intravenosa
Ajuda a estabilizar a pressão arterial e evitar choque. - Transfusão de sangue ou plaquetas
Indicado quando há sangramentos ou queda severa na contagem de células sanguíneas. - Suporte renal (hemodiálise) e suporte respiratório (ventilação mecânica)
Utilizados em casos de falência de órgãos. - Controle rigoroso das funções hepática e renal
Uma vez que a febre amarela pode levar a insuficiência desses órgãos.
Atenção: não espere os sintomas piorarem
Mesmo que os primeiros sinais pareçam uma “gripe forte”, a febre amarela pode evoluir rapidamente, e o risco de complicações é alto. Por isso:
- Pessoas com sintomas que estiveram em áreas de risco devem procurar atendimento médico imediatamente.
- Quanto mais cedo o paciente for diagnosticado e tratado, maior a chance de recuperação completa.
Referências
OPAS. OPAS emite novo alerta epidemiológico diante do aumento de casos de febre amarela nas Américas. 2025.